Introdução


Originalmente publicado em https://theomagica.com/the-lone-practitioners-path
Tradução: Lucas Augusto

Um Relato Pessoal 
Sobre o Caminho Hermético
Por Frater Cher's

Aqui está um esboço do caminho em que trilhei nos últimos quinze anos. Não é, de longe, a única maneira possível de seguir pelo Caminho Hermético; outros encontraram seus caminhos em lojas, grupos de estudo oculto ou simplesmente vivendo em lugares remotos por longos períodos de tempo. No entanto, o resumo que se segue abaixo pode ajudar a revelar os pontos positivos e os negativos sobre um caminho que está aberto a qualquer pessoa em qualquer momento - sem ter acesso a nenhum conhecimento secreto ou mestres. É preciso muita curiosidade, um pouco de humildade e muita perseverança. 

Para manter as coisas simples, vou me concentrar apenas em cinco aspectos principais que diferenciam o caminho hermético de outros caminhos: 

1. Sempre trabalhe sozinho.
2. Comece com o despertar.
3. Desafie seus medos.
4. Então caminhe em direção às estrelas.
5. Linhagem e antepassados.

Você sempre trabalha sozinho

Você caminhará bem neste caminho, se você não se sentir sozinho quando estiver por conta própria. Ao se aproximar de um caminho mágico, esta é uma das questões mais fundamentais que qualquer pessoa enfrenta: ao trabalhar dentro de um grupo, talvez até criando contatos internos no grupo, você poderá aproveitar a energia do grupo.

Trabalhar ao lado de um adepto experiente, não só acelerará significativamente o tipo de experiências que você pode ter no início, mas também irá acelerar seu próprio desenvolvimento mágico. É como aprender a correr com raios fortes te perseguindo. Na verdade, a natureza desses tipos mágicos de "raios" não só acelerará sua curva de aprendizado, mas também começará a determinar como você corre e, ainda mais importante, o que você está enfrentando.

Ao aceitar as vantagens que acompanham um grupo mágico, você também aceita as desvantagens. O ponto principal é que esse padrão de energia influenciará fortemente o tipo de Mago que você se tornará. Portanto, o preço que você paga pela velocidade que você ganha, você perde em liberdade de ser. Não é apenas a liberdade de como você quer se aproximar da Magia, mas também quando e onde deseja executá-la e, o mais importante, por que e para que.

Se você optar por aprender Magia dentro das regras e limites de um grupo, você aceita se tornar um link em uma cadeia de seres humanos. Se você decidir aprender Magia como um praticante solitário, você decide se tornar um link em uma cadeia entre você e o mundo.

Não me entenda mal: realmente não há certo ou errado. É por isso que escolher o seu caminho é muito importante. No entanto, não subestime o quanto você será moldado pelas experiências que você tem durante seus primeiros cinco anos de prática mágica.

Enquanto você pensa em si mesmo como um adulto totalmente formado, você é uma cera nas mãos das forças mágicas com as quais você entrará em contato. Portanto, é uma decisão importante se você quer lidar com essas forças como um praticante solitário, ou se você aceita a mediação destas forças através de outras pessoas e adeptos em um grupo.

No caminho que estou descrevendo as pessoas trilham a rota mais longa, a rota lenta. As pessoas valorizam a liberdade de escolha, bem como a autenticidade de sua própria experiência, acima de tudo. Pode levar anos para experimentar a quantidade de energia mágica que um Neófito em um de grupo pode experimentar em seu primeiro rito. Mas quando eles finalmente chegarem lá, toda a energia foi gerada, mediada e dirigida por eles mesmos. Chame-os de puristas ou de obsessivos pelo controle, pense ou simplesmente diga que são incapazes de se envolver em um grupo. Encontrar seu caminho não é sobre o pré-julgamento; trata-se de ser fiel a quem você é, ao invés de quem você quer ser.

Exemplo: durante os dez anos de treinamento que passei com meu professor sempre que terminei uma lição, eu me dirigia a sua casa para realizar um teste escrito e prático. Os testes escritos duravam entre duas a seis horas sem parar e rapidamente se tornaram mais exigentes do que os meus estudos na universidade. A avaliação prática foi exatamente essa: eu realizando quaisquer técnicas que aprendi com a lição teórica e meu professor avaliando rigorosamente como eu fiz.

Eles duravam facilmente de duas a quatro horas. Assim, completar uma lição e passar para a próxima, sempre seria marcado por um ou dois dias de exame. No começo, perguntei-lhe como ele foi capaz de dizer se a minha magia funcionou ou ele simplesmente se sentou ao meu lado e observou silenciosamente. Sua resposta foi: "Não posso julgar se a sua magia funciona, nem posso ver sua intenção. Tudo o que estou fazendo é examinar e desenvolver sua técnica, o que você fará com isso mais tarde é completamente sua responsabilidade.”

Isso rapidamente me despertou uma segunda pergunta, que continuei a repetir, provavelmente, nos três primeiros anos, como se alguém batesse minha cabeça contra uma parede de tijolos. Perguntei-lhe por que ele nunca me mostrava como executar certas técnicas. Apesar de todos os anos que passamos juntos, ele nem me mostrava como vibrar nomes ou segurar uma varinha; nada.

Sua única resposta foi: 
"Há um Magista dentro de você que estamos tentando trazer para a superfície. Se eu prover as ideias de como as coisas devem ser feitas, diluímos o senso crescente do Mago que você deve se tornar." 
E isso é o que eu quero dizer quando digo que trilhamos nosso caminho. Isso certamente não significa que precisamos isolar-nos dos outros. Mas significa que somente em silêncio encontraremos as vozes que querem falar através de nós.

Você Começa Despertando

Uma vez que você escolha esse caminho como o seu caminho mágico, talvez você não fará nenhum ritual por vários anos. Isso não significa, no entanto, que você é lento ou preguiçoso, simplesmente significa que esse caminho é um caminho diferente.

Este caminho começa e termina com o conhecimento de como usar a si mesmo como uma ferramenta. Esse caminho o compreende como um médium que tornará possível qualquer magia - ou inibi-la. Você é realmente uma pedra bruta que precisa de muito processamento e polimento antes de ter um espaço no Templo.

Aqui está o que o trabalho dos primeiros anos normalmente consiste: neste tipo de magia, assumimos que a maioria das pessoas passou quase toda a vida adormecida. Apenas em ocasiões muito raras, as pessoas tendem a acordar por curtos períodos de tempo: talvez aconteça durante um acidente de carro, no momento em que ouvimos sobre a morte de uma pessoa amada ou quando nos sentamos na varanda na primeira manhã quente de um novo ano.

A maioria de nós está tão distanciado do estado de estar acordado que nem se lembramos disso. E quando encontramos, muitas vezes é através de circunstâncias altamente negativas. Esse estado de estar acordado não deve ser confundido com qualquer terminologia Budista dos diferentes estados de consciência. Embora existam alguns paralelos no processo de alcançar um estado de despertar, porém, comparações normalmente nublam o problema atual invés de ajudar a resolvê-lo.

O trabalho mais difícil sobre a pedra bruta que somos, é descascar a camada inicial extremamente dura da superfície: é ter consciência e depois romper os padrões inconscientes, hábitos e reflexos que assumimos como nossa personalidade. Novamente, o processo de obtenção de tal estado não deve ser confundido com o caminho Budista e o trabalho real necessário nesta fase não pode ser confundido com o objetivo e as ferramentas da Psicologia Moderna. A linguagem é de extrema importância aqui -  como seres humanos, adoramos encaixar as coisas. Isso nos dá uma sensação de proteção e segurança para saber que as coisas estão a salvo nas caixas; o que pretendemos alcançar nesta fase é exatamente o contrário. Nós nos esforçamos para jogar fora todas as caixas.

Claro que esse trabalho nunca será completado; mas constantemente mantemos e retornamos a ele em nosso caminho prático. No entanto, depois de algum tempo, alguns de nós alcançarão um estado de clareza suficiente para que possamos avançar para a próxima etapa do trabalho. Tal estado é normalmente caracterizado por um equilíbrio saudável para identificar e desidentificar igualmente a si mesmo por adquirimos a constância de quem somos neste momento e estarmos igualmente abertos as mudanças que levam com elas muitas coisas. É um campo de opções e possibilidades que se abre para nós - sem negligenciar quem realmente somos neste momento no tempo. Uma vez que conseguimos encontrar e entrar neste campo de possibilidades, nos tornamos suficientemente fluidos para lidar com poderes e experiências que facilmente danificariam estruturas rígidas (personalidade).

Exemplo: uma das primeiras lições durante meu treinamento foi aprender a como sentar em silêncio. O objetivo deste exercício não era apenas sentar-se no silêncio físico e calar a boca, mas sentar-se entre um corpo silencioso, um coração silencioso e uma mente silenciosa. A maneira como fui apresentado a este trabalho foi tão direta como a maioria dos conselhos do meu professor foram: ele me pediu para sentar por 5 minutos no primeiro dia - e depois adicionar + 5 minutos todos os dias até eu me sentar quieto por duas horas seguidas. Uma vez que este limite foi alcançado, o objetivo era sentar-se por duas horas em sete dias consecutivos. "Sentando-se" significava que o único movimento que era permitido era respirar - sem mascar, engolir ou piscar por duas horas. Claro que perguntei: "Mas e se eu precisar ir ao banheiro?" Ele olhou para mim e disse: "Eu pratico a mesma técnica oito horas seguidas algumas vezes por ano; toda vez que entro nesta prática, sento-me numa banheira de plástico. Se você precisar mijar, apenas mije - mas você não vai se levantar ou então você deverá começar tudo de novo.”

Então comecei com a minha prática. E cara! Eu aprendi sobre a diferença de estar dormindo e acordado. Na verdade, foi durante essas semanas que eu aprendi mais sobre como nossa consciência interage com o nosso corpo e como ele pode mudar e se agitar em segundos que podem parecer horas. Eu aprendi sobre dores fantasmas, físicas e psicológicas, eu aprendi sobre o poder da minha mente e suas fraquezas. E sem saber disso naquela época, lentamente, comecei a despertar.

Veja, todas as conversas sobre estados de transe e plantas de poder em Magia são irrelevantes, uma vez que você aprenda a simplesmente se sentar. Nessas duas horas de silêncio, explorei mundos de agonia, alegria e profundas ideias mágicas. Quando chegou o dia do exame, sentei-me num quarto na casa do meu professor. Ele entrou com uma longa régua de madeira e pediu que eu sentasse em minha asana (ou seja, a postura que eu usava para sentar-se). Uma vez que fiz isso, ele mediu minha distância contra as paredes de todos os lados e disse "se alguma parte do seu corpo se mover mais de 2cm quando eu voltar a cada 30min, você precisará começar de novo". Eu respondi: "você é louco", fechei os olhos, abrandei a respiração e comecei a prática.

Você Desafia Teus Medos

Veja, um elemento de verdadeira beleza neste caminho é que não há ninguém dizendo o que parece bom ou ruim. Tudo o que há, é um professor que o ajuda a orquestrar uma sequência específica de experiências que pretendem estar em harmonia com a sua disponibilidade interior para mudar. Se você escolher esse caminho, então esteja preparado para passar muito tempo com seus medos pessoais. Não porque o seu professor ou você seja supostamente um sádico, mas porque nesse caminho percebemos os medos como portas. Atrás de cada uma dessas portas encontramos um poder. Alguns desses poderes são muito fortes para serem lidados por você nesta fase da sua vida, outros são perfeitamente adequados.

Descobrir quando procurar por qual porta, bater nela e entrar - esse é o papel do professor. É claro que ele ou ela é obrigado a cometer erros. Aprender que ninguém além de si mesmo pode protegê-lo ou expô-lo é uma lição que qualquer um neste caminho aprende muito cedo.

Antes de qualquer Magista nesse caminho entrar em um círculo mágico, eles trabalharão com seus medos. Nos antigos cultos de mistério, os Neófitos costumavam passar por quatro testes, um para cada elemento. O que você experimenta neste caminho nesta fase é semelhante. O que você ganha é três coisas: cicatrizes, força e humildade. Uma cicatriz é apenas uma experiência que foi difícil, mas você sobreviveu. Aprender sobre os poderes de resiliência e auto cura que todos nós temos dentro de nós é um marco significativo nesse caminho.

A força neste caminho não é medida por músculos. A força é medida em graus de liberdade, o grau em que você pode suportar sozinho. Não como os raios que te perseguem, mas sob os ventos contrários. A força neste caminho é medida pelo quanto você começa a aprender o que você representa, como você convive com seus próprios valores em tempos de adversidade. A força é medida pelas coisas que você faz quando ninguém está olhando.

A humildade, por outro lado, é medida pelo quanto você ri quando comete erros na frente de todos os outros. Nesta fase do caminho, você começa a entender o que significa ser um recipiente, um vaso, uma esfera de poder. A humildade é a qualidade que o ajudará a não morrer como Magista praticante nas suas duas primeiras décadas. É a qualidade que irá ensinar-lhe em quais portas você não deve bater. Isso é muito importante.

Exemplo: Após os primeiros dois anos, meu professor me disse que eu precisaria passar uma noite sozinho na floresta. Eu disse que isso não era problema algum, já que a cidade na qual morava tinha muitos parques grandes e eu simplesmente podia sentar em um banco durante uma noite inteira. Ele balançou a cabeça e disse que eu não entendi. Eu deveria ir à sua casa quando eu estivesse pronto.
Quando cheguei lá, ele sorriu e disse: "tudo o que você precisa é de alguém para chutar a sua bunda e esse será eu hoje." Então, fomos no bosque, estacionamos o carro e caminhamos por muito tempo. Em algum momento, ele mencionou que eu deveria escolher um lugar. Eu estava tão nervoso neste momento que eu não conseguia me decidir e continuava caminhando de um lugar para outro... finalmente, resolvi o que parecia um lugar completamente aleatório; provavelmente eu estava exausto.

Meu professor disse adeus rapidamente e foi embora. Como não foi permitido levar nada comigo que ajudasse com a iluminação, eu coloquei meu saco de dormir no chão e permaneci ali. Olhando para trás hoje, os detalhes desta noite se desfazem completamente: lembro-me do crepúsculo e com que rapidez caiu, lembro-me de quão frio e úmido ficou debaixo das enormes árvores e lembro-me das ondas de medo que me lavaram como um mar invisível. Além de lutar contra essas ondas de medo, nada significativo aconteceu naquela noite.

Sentei-me por horas, adormeci por curtos períodos e ouvi os muitos sons desconhecidos na escuridão, enquanto tentava ficar calmo. Claro que, de fato, não havia absolutamente nenhuma razão para ter medo. Na região de Bavarian não vivem lobos ou ursos. No entanto, ondas de medos irracionais me atacaram uma após o outra.

É engraçado - lá no bosque em total escuridão, cercado pelos ruídos mais estranhos que nunca param, sem um único fósforo ou faca, a linha entre a realidade e a fantasia simplesmente desaparece em um piscar de olhos. Uma madeira à noite muda sua forma; e desperta uma natureza diferente dentro de nós. Foi o que eu aprendi naquela noite quando meu professor me chutou na bunda. No entanto, o momento que explodiu minha mente, foi o momento pela manhã seguinte quando cheguei ao estacionamento. Desbloqueei meu carro - e simplesmente não podia acreditar o quão brilhante era o dia, quão calma era a floresta e o quão forte eu me senti por dentro.

O que aconteceu naquela noite foi que o mundo ainda estava aqui e eu também. O que eu realmente aprendi naquela manhã foi o seguinte: lutar contra seus medos não significa conquistá-los, matá-los ou superá-los. Alguém que tenta isso seria como um homem atirando giz contra sua própria sombra. Lutar contra seus medos significa ativamente convidá-los para sua vida e depois suportá-los. Isso significa que permitimos que eles tomem um lugar em nossa vida por um certo período e limitado de tempo - e ter consciência que suas presenças não nos mata nem nos prejudica. São as nossas fantasias que fazem isso.

Então você caminha em direção às estrelas

Diferente de muitos outros caminhos mágicos, em um caminho solitário, você não trabalha com nenhuma forma explícita de divindade por muito tempo. Esse caminho quer evitar isso tanto quanto possível. Enquanto você é inconscientemente moldado por padrões de grupo, então estar sozinho também o protegerá de padrões de deidades que teriam um efeito semelhante, se não mais forte, sobre você.

Uma vez que você esteja pronto para trabalhar na parte ritualística, você o fará desde os fundamentos mais básicos. Os primeiros ritos que você fará sozinho à noite na floresta, serão ritos elementares. Estudar sobre o fogo, a água, a terra, o ar e muitos dos seres espirituais irão te manter ocupado por vários meses, se não por anos. Como esse caminho se concentra muito em você mesmo como mediador de poder (ou bloqueio), você não só aprenderá sobre a natureza desses espíritos, mas também como você é moldado por eles.

Sim: no paradigma deste caminho seu corpo, seu coração, até sua mente não são mais que assembleias de células espirituosas. Cada uma dessas células é governada por outro ser e esses seres, portanto, existem tanto dentro como fora de você. Isso pode parecer altamente paradoxal e cada praticante nesta fase está em constante risco de decidir por um "modelo de magia mágico ou espiritual". O que esse caminho, no entanto, realmente ensina é como aprender a aceitar ou descartar ambos - e apenas continuar a caminhar.

Quando você encontrar esses blocos essenciais de criação, você os pressionará. Você conhecerá espíritos da terra que vivem ao seu lado. Você encontrará espíritos das profundezas e espíritos planetários. Na verdade, você passará muito tempo com os espíritos planetários. Só então você poderá avançar e começar a trabalhar com poderes divinos. Muitos de nós nunca fazem isso, porque algum outro lugar pode exigir nosso trabalho.

Exemplo: Lembre-se, de onde eu venho, o tipo de magia visionária que Josephine McCarthy ensina nunca foi ouvida. Toda a sua magia é focada externamente, para os reinos físicos e astrais. E os meios para interagir com espíritos usam muito menos sua visão interna e suas mãos físicas, seu corpo, sua voz e mente.

Comecei a aprender minhas primeiras lições ritualísticas em provavelmente dois a três anos em meu treinamento. Eles eram relativamente simples, mas altamente repetitivos - quase como uma música em repetição. A primeira vez que realizei um exercício do Pilar do Meio na frente do meu professor, seguido por um RMP, ele apenas franziu a testa e disse que estava tudo bem.

Tudo bem? Eu tinha praticado por semanas e tudo o que ele disse, era que estava "bem"? Quando perguntei, ele respondeu: "Veja, você fez tudo o que a lição exige. É verdade, é o que escrevi para ser feito. Mas sua concentração e energia são realmente medianas. Se o fizesse bem - tão simples quanto o ato mágico deve ser - não haveria um grão de energia no seu corpo e mente, e provavelmente você teria uma dor de cabeça terrível agora. Não seja tão suave em si mesmo ou na sua magia.
Então eu treinei um pouco mais. Agora entendi que precisava de um espaço dedicado para praticar -  pois eu precisaria vibrar os nomes divinos bem alto e convocá-los sem perturbar ou chamar a atenção dos meus vizinhos.

Eu precisava estar livre da observação; livre para experimentar. Depois de alguns fins de semana, construí um porão em meu apartamento. Tinha espaço suficiente para eu ficar no centro e girar 360° sem tocar as paredes. Eu cobri a pequena janela com papelão de isolamento. E aqui eu pratiquei.
O que eu rapidamente aprendi foi que a alta exteriorização de energia teve um duplo efeito: mudou a energia que eu liberei na sala, mas também mudou meu estado interior de ser. Quanto mais intensa minha concentração, quanto mais poderosos meus movimentos e entonações, mais absorta minha mente se tornou pelo ato ritualístico.

Levou alguns anos de prática adicional para entender que esta era a chave para o transe ritualístico sem o uso de plantas de poder: alcançar um estado de ação poderosa, automatizada e fluida, com grande quantidade de concentração, foco físico e executar cada movimento com o coração. Se realizada em tal intensidade, um único RMP pode levar facilmente trinta minutos. E quando feito apenas para abrir uma estrutura ritualística, passei a trabalhar através de ritos que durariam duas ou mais horas de constante movimento e ação - contrabalançados com momentos de completo silêncio e escuta.

Com o tempo aprendi a aperfeiçoar essa abordagem de acordo com as necessidades do meu próprio corpo e mente; outras pessoas desenvolveram estilos de prática completamente diferentes - para trazer à vida o mesmo padrão ritual. Se olho para trás a partir de hoje, eu entendo que é uma bênção nunca ter visto alguém realizar esses ritos. Nem meu professor, nem colegas, nem qualquer outro mago.

Depois que minha professora abriu as portas para mim, eu me tornei o único advogado e juiz, o único aluno e mestre do meu próprio trabalho. Além disso, é claro, os espíritos que começaram a visitar meu templo riram deste humano e do tempo que levei para dar pequenos passos para dentro do mundo deles.

Linhagens & Ancestrais

Naturalmente, esse caminho não tem origem em nenhuma linhagem como em uma linha interna de poder em que os praticantes seriam iniciados e guiados de geração em geração. Durante séculos, cada um de nós seguiu esse caminho por conta própria - apoiado por nenhum poder, senão o próprio poder interno.

O que nos mantém conectados, no entanto, é uma linhagem de estudantes e professores. E uma linha de prática. Alguns dos antepassados mais conhecidos neste caminho - escolhidos aleatoriamente - são Johann Trithemius, Agrippa de Nettesheim, Paracelsus, Eliphas Levi, Franz Bardon, Rah Omir Quintscher, Gustav Meyrink, Julius Evola, Karl Spießberger, Maria Szepes ou Emil Stejnar.

Finalmente, devo mencionar porque cada um de nós segue este caminho por conta própria, a maioria dos praticantes tem uma grande estima em aprender dos livros. Na verdade, muitos dos grandes professores deste caminho escreveram livros sobre treinamento e prática mágica. (Muitos deles foram originalmente escritos na Europa continental em suas respectivas línguas.) Eu acho que cada professor sabia o quanto cada aluno dependeria do conforto de um espírito amigo e o aconselhamento correto.

Infelizmente, bons professores, tanto quanto bons alunos, são extremamente raros no campo da magia, e nesse caminho não é diferente. Se valer a pena o tempo investido, o coração e o trabalho - espero que esta breve visão geral seja útil para que você possa decidir por si mesmo.

- Aconselho uma segunda leitura deste relato após o domínio do Grau II.

GRAU II

Auto-Sugestão ou o Mistério do Subconsciente
Instrução Mágica do Espírito (II)
Exercícios de Concentração
a) visuais
b) auditivos
C) sensoriais
d) olfativos
e) gustativos
Instrução Mágica do Alma (II)
Equilíbrio Mágico-Astral ou dos Elementos
Transformação do Caráter ou Enobrecimento da Alma
Instrução Mágica do Corpo (II)
Respiração Consciente pelos Poros
O Domínio do Corpo na Vida Prática

Continua....

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