Entrevista: William Mistele

Fonte original: http://www.falconbookspublishing.com/franz-bardons-hermetics-interview-william-mistele/


Segunda parte, se você souber inglês : http://www.falconbookspublishing.com/franz-bardons-hermetics-an-interview-with-wiliam-mistelepart-2/


Falcon Books Entrevistas

Explorando a vida iluminada através da meditação hermética e além

Entrevistando William Mistele - Parte I e Parte II


Falcon Books está apresentando uma série de entrevistas com praticantes antigos de Hermetismo e aqueles que seguem uma disciplina espiritual. O objetivo é compartilhar a sabedoria, o conhecimento e a compreensão desses praticantes com aqueles que estão começando neste caminho e também como uma inspiração para todos nós.  O foco dessas conversas é guiar o buscador espiritual.

Apresentando hoje uma entrevista com William Mistele, muitos estão familiarizados com o trabalho dele com as ondinas. Willian é um escritor e um praticante do sistema de Franz Bardon com mais de 40 anos de experiência neste campo. Você pode ler seus escritos em seu blog (http://williammistele.com/) onde ele oferece a biografia de sua vida e experiências estudando o Hermetismo de Franz Bardon. Para descobrir mais você pode visitar o canal dele no Youtube (https://www.youtube.com/user/Emedetz).


1. Falcon Books: Você poderia contar um pouco sobre a tua jornada? Como você descobriu os livros do Franz Bardon e o que o inspirou seguir este caminho?


William Mistele: Minha vida foi moldada dramaticamente por pesadelos quando eu tinha sete anos de idade. Eu frequentava a igreja cristã e os pregadores discursavam sobre o fogo do inferno. Na escola os professores faziam a gente praticar “duck and cover”. Um método de proteção em caso de uma guerra nuclear. Você se esconde de baixo da carteira enquanto um míssil russo de três megatons vaporiza a cidade de Detroit onde eu residia. Havia fogo no interior do mundo espiritual/religioso e fogo no mundo externo. Obviamente, o fogo externo sendo produzido por seres humanos.

Além do mais, existe uma especulação de que quase perdemos a cidade de Detroit em 1996 quando o reator nuclear do sul da cidade correu o risco de sofrer uma fusão nuclear. A partir disso, a questão que se desenvolveu na minha mente ao passar dos anos foi onde está a sabedoria que governa a sociedade e as nações para os seres humanos serem capazes de possuir coisas como a fusão nuclear sem destruir a si mesmos?

Em minha opinião, essa questão envolvendo a sabedoria para governar nações foi uma parte do porquê Franz Bardon escreveu seus três livros. Supostamente, as pessoas que morreram na Primeira Guerra Mundial reclamaram com a Providência Divina que eles não tiverem nenhum professor genuíno quando estavam vivos. Levou quarenta anos e outra guerra mundial para a Providência Divina responder estas reclamações através da publicação dos três livros de Franz Bardon. Consequentemente, em minha visão, a primeira coisa que os estudantes de Bardon poderiam direcionar suas atenções é colocar um fim as guerras.

Eventualmente, um estudante treinado do sistema de Bardon é capaz de olhar através da mente de qualquer um na Terra e avaliar os karmas (ou podemos dizer seus aspectos positivos e negativos) como também o karma das nações. Isto não é pretensioso ou uma extrapolação. A raça humana desde 1950 esteve, pelo menos, seis vezes há minutos e as vezes segundos da explosão de uma guerra nuclear.

Pelo menos 4 dos 360 espíritos da zona da Terra que Bardon descreveu especializaram-se em problemas de guerra, paz e com a fé das nações. Estes espíritos enviam suas vibrações e inspirações através do planeta inteiro por quatro minutos, diariamente. Consequentemente, eles já estão aqui conversando com a gente todos os dias. Você apenas tem que ouvi-los. Eu os escuto bastante, então para mim, é a coisa mais natural do mundo querer aprender com espíritos divinos. Eu gostaria que as pessoas agissem conforme a sabedoria deles, então os diplomatas e líderes nacionais seriam mais habilidosos, sábios e comprometidos com a benevolência em suas interações internacionais.

Esta abordagem de “eu posso” eu adquiri ao crescer com a minha família. Quando eu chegava da escola meu pai sempre estava no quintal grelhando hamburguês para pessoas como o vice-presidente da Ford, o prefeito de Grosse Point, o chefe de polícia, o presidente executivo da maior loja de varejo dos EUA, etc. Meu pai foi solicitado, mais tarde, para ser secretário de imprensa para um candidato presidencial.

Meu tio supervisionou as operações da GM para fabricação de armas na Segunda Guerra Mundial. Minha mãe teve longas conversas sobre quem iniciou a Segunda Guerra Mundial com o Capitão Fuchida que foi o piloto que liderou o ataque a Pearl Harbor. Meu pai organizou uma “reunião” dos japoneses com os almirantes americanos em Honolulu no aniversário de ataque a Pearl Harbor.

Em minha família de origem, eu conheço pessoas que não apenas estavam envolvidos em eventos históricos como também ajudaram a moldar estes eventos. E mesmo assim resta este vácuo, uma terrível ausência de sabedoria, a respeito de como se comunicar, compreender, entender e resolver conflitos entre nações. O mundo externo não possui as ferramentas adequadas para resolver estes problemas. Para encontrar o que eu procurava, eu precisava de uma sabedoria maior e uma perspectiva da história humana e meios para transformar a natureza humana.

Em 1970, quando eu estava na faculdade, eu comecei a estudar antropologia espiritual. Eu desejava extrair métodos de transformar a consciência que criamos a partir de tradições espirituais antigas. Eu desejava um conjunto de práticas físicas, mágicas e espirituais. Esta aspiração surgiu em parte porque estava claro para mim que os 500 anos anteriores de interpretação Protestante existiu num vácuo espiritual. Eles enfatizam literalmente ler palavras sem qualquer autorreflexão, meditação ou treino intuitivo de qualquer tipo. Eu conheci grandes professores de Cristianismo antes de ir para a faculdade, então eu tinha uma base precisa para as minhas conclusões. 

Então, eu estudei com grandes mestres de várias tradições. Em 1975, eu comecei a visualizar por meia hora todos os dias as três primeiras cartas do Tarot, O Mago, A Papisa, e o Louco. Uma noite eu tive um sonho qual eu encontrava quatro livros mágicos, o primeiro dos três era o do Bardon. Pouco tempo depois, uma amiga me entregou o livro Iniciação ao Hermetismo, argumentando que talvez me interessasse. Eu imediatamente comecei a estudar este livro seriamente, pois eu estava procurando por algo semelhante fazia dez anos.  


2. Falcon Books: Quando você estava praticando os exercícios do livro, qual grau você sentiu que foi o mais difícil para você e porquê?  E como você conseguiu superá-lo?


William Mistele: Por dez anos eu tentei seguir as instruções de Franz Bardon exatamente como ele instrui. Eu recomecei pelo menos sete vezes. O problema é, eu consigo trabalhar com vários tópicos conforme era ensinado, mas em certo ponto, meu corpo e meu sistema nervoso se recusa a cooperar. 

Eu consigo fazer os exercícios de respiração. E eu conseguia atingir a sensação de emitir ondas de luz de vitalidade que eu compensei dentro do corpo. Anos depois, entrevistando “sereias encarnadas”, eu percebi que elas estavam usando o elemento água para curar os outros, as vezes curando até pacientes terminais. 

Em comparação, Bardon enfatiza um tipo de vitalidade ardente -  quente, condensado, dinâmico, exercendo pressão e explosivo. Por outro lado, o método com a água é gentil, suave, calmante, extremamente empático, extraordinariamente clarividente, e funciona como uma diálise: absorve e purifica a vitalidade do indivíduo. 

Meu corpo é orientado para a forma de cura da água. Dado como eu sou, o método do Bardon é o pior tipo de vitalidade para eu trabalhar, inicialmente.

Igualmente desastroso para mim foram os exercícios mentais do livro, envolvendo concentração. Concentração é natural para mim, quando eu comecei a fazê-los conforme a instrução de Bardon, a energia ficou presa em meu terceiro olho e tive terríveis dores de cabeça. Novamente, meu sistema nervoso precisou uma abordagem diferente, conhecida por meditação no vazio. A energia não fica presa em nenhuma parte do meu corpo, não há nenhuma imagem ou esboço do meu corpo nestas meditações, então não há local para a energia ficar presa ou bloqueada.

De maneira similar, qualquer ritual envolvendo visualização de círculos, triângulos, pentagramas, ou o uso de ferramentas mágicas como cristais, varinhas, robes, espelhos mágicos, etc, simplesmente causam um curto em meu sistema nervoso causando doenças físicas. Meu corpo é tão sensível que eu não consigo vestir joalherias. 

Ao passar dos anos, outro problema que eu encontrei nos capítulos iniciais do livro foram os exercícios relacionados ao espelho da alma e o equilíbrio mágico. Novamente, é suficientemente fácil para mim seguir as instruçõe apresentadas.  Eu consigo dizer para mim mesmo: “Oh, há este elemento ligado ao fogo em mim, em parte é positivo e em outra negativo, me faz ser insaciável, curioso além do que eu jamais observei em qualquer outro ser humano. E isto me provém com imediata e quase absoluta certeza que existem soluções que podem ser encontradas para resolver qualquer problema. Isto é a energia de Sagitário em positivo e negativo aspectos.

Este ardente senso de comando e visão vêm dos meus pais. Observando o passado, eu percebi que fui exposto a letra cósmica K e seu ígneo senso de comando absoluto. Meu pai usou a autoridade tão bem que a máfia o respeitava, não apenas porque ele era mal. Principalmente, porque ele conseguia fazer o que eles não conseguiam: fazer homens trabalharem muito e serem completamente leais a ele, muito longe do que a máfia conseguia fazer. 

Mas este comando primordial é facilmente entrelaçado com aspectos negativos da personalidade. O macho alfa frequentemente usa sua posição de poder para absorver a vontade, a vida emocional e a força vital dos outros para si mesmo. Levei 45 anos para encontrar uma técnica meditativa que me libertasse desde tipo de negatividade.

Em outras palavras, o que parece ser um vício ou fraqueza pessoal, em fato, pode estar conectado diretamente com um conflito coletivo e arquétipo que existe na civilização humana. Em minha experiência, eliminar algo negativo em mim requer que eu vá em um tipo de missão espiritual e faça   o que nunca foi feito na história humana. Para resolver problemas para si mesmo você tem que também resolver problemas para todas as outras pessoas. Há momentos em que mudar uma única pessoa, simultaneamente muda o todo o mundo.

Um dia eu estava meditando no vazio (a letra cósmica U) e o problema com o meu pai e a letra cósmica K desapareceu. O vazio está além do alcance de qualquer abuso de poder ou qualquer coisa negativa. Eu poderia ter economizado quarenta anos de esforços mal direcionados em treinos magísticos se alguém, no começo, tivesse me aconselhado: “Oh, teu sistema nervoso não é igual das outras pessoas, você precisa começar a meditar sobre a letra cósmica U. Encontre em si mesmo uma quietude que abrace o universo. Então apenas através deste domínio alguns desses problemas pessoais desaparecerão”.

Mas esta experiência com tentativas e erros, com experimentos que funcionaram e falharam, serviram um propósito. Eu sou um escritor, eu conto histórias. Foi essencial que eu fosse capaz de traçar cada passo entre a consciência comum onde eu comecei e as meditações magísticas que eu pratico agora. Supostamente, eu tenho que escrever um manual eficiente, prático e com formas testadas para eliminar a guerra na Terra.

No século XX, pelo menos trezentas milhões de pessoas morreram de varíola. Após doze mil anos de pragas, em 1979, um trabalho cuidadoso, as Nações Unidas eliminou a varíola da Terra. Eliminar a guerra é uma empreitada semelhante. Você executa o trabalho e adquire os resultados. Iniciação ao Hermetismo não é um livro de orações para algum devoto. Você treina e então adquire os poderes da criação.

Praticar Iniciação ao Hermetismo não é sobre fazer algumas mudanças que o aprimoram e fazem você uma pessoa melhor. Não é necessário um treino magístico deste calibre para fazer algo de positivo e construtivo com a tua vida. O livro Iniciação ao Hermetismo é completamente diferente, ele te dá a habilidade para agir como um ser divino e interagir com todos os aspectos da evolução humana.

Olhando para trás, eu lembro do meu tio: vendado conseguia desmontar um motor de carro completamente e remontar corretamente. É esta a minha abordagem com os exercícios de Franz Bardon. Eu tenho que fazer engenharia reversa, experimentar, modificar, reescrever e comparar com o que outras tradições fazem. Para desmontá-los e remonta-los e ver de quantas formas eu consigo fazê-los funcionar. Então, espero encontrar algo que funcione melhor comigo. E talvez, durante o processo eu encontre algo que seja útil para outra pessoa também.


3. Falcon Books: Qual conselho você pode dar para aqueles estudantes de Franz Bardon que estão seguindo o sistema do livro Iniciação ao Hermetismo? 


William Mistele: Embora, IAH seja uma auto iniciação. Eu recomendaria que você leia qualquer comentário que encontrar na internet sobre o primeiro livro do Franz Bardon e os outros livros dele também. Especialmente perguntas e respostas relacionadas com o capítulo que você está praticando. Encontre alguém para te guiar, alguém que você possa reciclar ideias e te ajudar a resolver problemas.

Se você tem dificuldades, investigue outras tradições relacionadas com o capítulo que você está estudando. Se você tiver dificuldade com parar os pensamentos e desenvolver uma mente vazia, vá até um Quaker ou outros grupos de meditação silenciosa. Explore os monastérios Zen de  diferentes culturas, um grupo de meditação Vipassana, ou um grupo tibetano de meditação dzogchen. Dê uma olhada num dojo de Aikido, um grupo de Tai Chi Chuan, um grupo de meditação através da yoga, ou alguém que faça biofeedeback, etc. 

Cada tradição tem uma perspectiva e compreensão levemente diferentes de como a mente funciona. Algumas apenas relaxam e energizam o corpo através de alongamentos que tornam a mente muito mais fácil de silenciar. Algumas trabalham com cantos pacíficos e hipnóticos com incensos e um ambiente tranquilo ao redor. Gaste algum tempo concentrando-se em movimentos corporais lentos, que você já dominou, para levar o chi ao Tan Tien inferior. 

Com um exercício você pode superar-se. Já com outro exercício, talvez você precise de ajuda externa se você tiver dificuldade de aprendizagem. Observe o teu progresso. Descubra o que funciona para você. Eu consigo facilmente escrever uma redação com quarenta coisas  para fazer com  uma mente vazia, talvez  uma ou duas coisas destas quarenta você já seja bom. Tudo o que você precisa fazer é pegar algo que você seja bom e gradualmente expandir até completar o propósito dos exercícios originais do Iniciação ao Hermetismo. 

Para mim, os três primeiros capítulos do Iniciação ao Hermetismo são um resumo dos outros três livros do Franz Bardon. Todo o resto é apenas um refinamento e aplicação prática.  O exercício de esvaziar a mente transforma-se no trabalha com as letras cósmicas E e U. O exercício de transferir a consciência transforma-se em aventuras mentais e contatos com os espíritos. O exercício do espelho astral transforma-se numa compreensão dos karmas dos outros e o destino de grupos e nações. Com um único exercício você pode explorar múltiplos níveis. Em outras palavras, na minha opinião, não existe um fim para a prática dos três primeiros capítulos. Esses exercícios tornam-se cada vez mais profundos e ricos.


Em breve o livro com todas as entrevistas estará disponível em português.

Nenhum comentário:

Postar um comentário